sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Se não viu já não vai ver


Finalmente as coisas tornam-se mais claras!
A RTP2 vai fechar e a RTP ser concessionada e a RDP também. Sobre a RTP Internacional, RTP Informação, RTP África, Açores e Madeira ainda não se falou mas presumo que algo semelhante vá acontecer!

Citando António Borges na entrevista de ontem na TVI: "O Estado não é bom gestor, muito menos de televisão..." Pergunto eu: Só de televisão?

Quem me conhece pessoalmente sabe que muitas vezes sofri na pele as consequências de fazer produção para programas de qualquer um destes canais, uma estrutura de base envelhecida não aceita muito bem a mudança. Ainda assim, com todas as fraquezas que ambos os canais tinham reconheço-lhes a sua necessidade de existirem! Reconheço o contributo inegável da RTP2 na divulgação de bons projectos de âmbito social (sem pensar nas estruturas de topo, mas nas pessoas que de facto trabalham nos projectos divulgados e que de outro modo dificilmente os fariam chegar ao grande público!), reconheço ainda o importante caminho que a 2 ajudou a trilhar na área do documentário quando nos restantes canais portugueses praticamente não existe espaço na grelha de programação para isso!

Quanto à RTP reconheço-lhe um passado onde a modos que parou e um pontecial imenso, assim tivessem reduzido o volume absurdo de concursos e programas estupidificantes e, talvez investissem naquilo que sempre foram melhores: na informação.

Com todas as suas falhas são canais necessários e custa-me ver a forma como o Governo está a tratar este assunto.

Ontem falou-se em 800 despedimentos só na RTP... Num mercado audiovisual já tão saturado será uma desgraça... Será que eles têm noção disso? E o "eles" aqui é sempre tão vago... Afinal quem são eles?

A concessão entregue a uma entidade privada inclui toda a RTP, equipamentos e funcionários, mas dá-lhe liberdade para fazer despedimentos... O Estado dá ainda a essa entidade uma verba que ainda inferior à actualmente dada à RTP não deixa de ser grande. Não seria mais fácil reduzirem a verba da RTP, manterem a sua independência e entregar os canais a alguém que efectivamente perceba de televisão e não a uma administração de colarinho branco e botões de punho?

Tenho pena... Pena dos canais, mas sobretudo pena das pessoas que serão despedidas e pena das pessoas que já estão sem trabalho. Tenho sobretudo pena de um país que vejo a cada dia partir-se aos bocadinhos...

Tenho pena de acreditar tanto numa profissão onde já tão poucos demonstram fé, mas gosto demasiado desta área. Nunca me passou pela cabeça fazer produção televisiva, mas a minha formação de fundo é jornalismo e em todos os trabalhos que fiz nessa área vi o quão importante é para a sociedade existir quem os oiça, quem os questione e quem leve as suas histórias boas e más mais longe. A televisão tem esse poder, essa magia... A magia de nos deixar contar uma história...

Infelizmente a televisão está cheia de histórias mal contadas e esta parece-me que será uma história que ainda vai dar pano para mangas.

É pena.



2 comentários:

  1. O que eu pergunto é se essa informação não deveria ter sido dada por um membro do governo e não por um funcionário do governo.
    Ah! Esqueci-me que o responsável é o "dr". Relvas.
    Por muito má que seja a RTP, tem para mim, uma informação sempre uma ninformação muito melhor que os outros canais, e é o único telejornal que vejo.
    Tenho esperança, que essa não seja ainda uma decisão definitiva, até porque há o perigo de provocar uma cisão no governo, uma vez que o CDS não concorda com essa solução (por muito que me espante essa divergência)

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    1. Pois claro que devia! A minha alma ficou parva ao ver como um assunto sensível destes está a ser tratado!
      Também tenho esperança que a solução final não venha provocar tantos danos como se prevê que esta traga! No entanto... a privatização é a bandeira deste Governo...
      É esperar e ver... E caso as coisas descambem agir, temos que parar de ficar impávidos e serenos enquanto os outros decidem por nós! O "Dr" Relvas não deveria ter legitimidade para decidir o que quer que seja, no entanto aí o temos!
      É muito, muito, triste e sobretudo é uma vergonha!

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